domingo, março 09, 2008

Amigos leitores e internautas, essa matéria atribuída à Célia Labanca parece-me ser a tal "pergunta que não quer calar". À exceção do pequeno deslize que ela cometeu com relação à homenagem feita ao Cartola e não Ataúlfo Alves como ela cita, concordo com ela em número e gênero. E até agora me pergunto: se era o centenário desse grande mestre do samba e da MPB que foi o Cartola, pq essa "bendita" Mangueira não fez o samba enredo homenageando o seu nome maior? Não teria a Escola conseguido recursos para desfilar com o centenário de Cartola e por isso resolveu fazer aquele arremedo de desfile com o tema sendo apresentado de forma completamente equivocada.
Enfim, crítica deve ser aceita como uma forma de melhorar-nos e melhorar aqueles que trabalham conosco. Errar, todo mundo erra. Só desejo que tamanho erro nunca mais se repita - principalmente com a nossa cidade. Um tristonho abraço a todos vocês pernambucanos.


Mariângela Borba.



"NÃO É FREVO, NÃO É FREVO, NÃO É FREVO" (matéria de Célia Labanca - Imperdível)
NÃO É FREVO, NÃO É FREVO, NÃO É FREVO! Esperei com o coração aberto até as 2:45 da madrugada do domingo de carnaval para ver o desfile da Mangueira que homenagearia os cem anos do frevo pernambucano. Naturalmente que atenta, assisti até o último minuto enquanto todas as minhas melhores esperanças iam embora e eu ficava sozinha e desolada, sem mais conseguir dormir ao fim de tamanho desastre. Muitas questões ficaram me atormentando. Precisava de alguém para explicar, principalmente o que não vi; e não tive ninguém, porque a decepção adormece mais cedo quem se confronta com ela. Assim é que estou sem respostas até agora. Dois dias depois. Infelizmente. Por exemplo: de quem foi a inocência?, e com que objetivo alguém aceitou mostrar com tamanha deformação uma manifestação popular, a mais bonita do país, com cem anos já comemorados, permitindo que por preço tão alto o fizessem sem conteúdo, sem critério e sem comprometimento com a verdade? Como aceitar a homenagem de uma Escola de Samba que nem ao menos usou, em nenhuma das suas fantasias, adereços e alegorias pelo menos as cores do frevo, do Recife e de Pernambuco? Como aceitar o desdém que se usou para mostrar uma Comissão de Frente com crianças pernambucanas, especialistas em frevo, sem que nenhuma delas estivesse usando a fantasia e as cores dele, que inclusive são as que elas reconhecem? Como não sentir doer os tímpanos se na letra do Samba Enredo se atendia ao convite para vir pra Recife? e não ao ou pro Recife???Que homenagem foi aquela que mostrou apenas o Homem da Meia Noite, sem sua roupa tradicional e de gala? Será que foi culpa do "caos aéreo" a não ida da Mulher do Dia, do Bacalhau do Batata, e dos demais ícones incontestes do frevo e da cultura pernambucana como Capiba, Alceu, Nelson Ferreira, Mário Melo, J.Michilles, Ariano Suassuna, e Silvio Botelho? pai de todos eles, e muitos mais, com seus bonecos apostos? Quem reconheceu um sequer daqueles que desfilou? Que Alas foram aquelas daquela escola, que em nenhum momento, nem na letra do samba, nem em nada mais, fez referências aos nossos símbolos, senão trazendo um leão e um galo, minúsculos, e dourados, e não lhes contando a história? Por que cada uma daquelas Alas não levou o nome dos nossos tradicionais Blocos de Carnaval, tais como Lili Nem SempreToca Flauta, Nós Sofre Mas Nós Goza, Siri na Lata, Bloco da Saudade, se eles sim, são as nossas mais profundas raízes carnavalescas, e no frevo, as mais irreverentes e líricas? Com certeza, teriam muito mais o que mostrar e dizer. E Ataulfo Alves, o que fazia ali? Quantos frevos eles compôs? ? Quem do interior do sul do Brasil, ou de além mares, vendo a Mangueira passar como passou pelo Sambódromo, dizendo o que disse, consegue entender ou dar a dimensão ao que o frevo tem e é? Bem que eu teria outros temas a levantar; massomente estes já bastam! Permito-me então, em nome do frevo e da nossa cultura popular pedir ao povo do Recife e de Pernambuco, meu conterrâneo de terra e de luta, aos intelectuais, ao pessoal das artes e das universidades, e a todos que pensam e gostam de carnaval, que se rebelem e se antenem. Gritem para não deixar que matem o frevo e a sua história que é nossa, como já fizeram com os Blocos da Paz, Toureiros, Lenhadores e tantos outros. Também, para não se permitirem baixar a estima. Acreditem: nós valemos muito mais do que possa pensar qualquer irresponsável, ou irresponsáveis públicos, por nós e por nossa cultura popular. Desculpem! Faço este apelo porque não consigo ficar calada diante da inconseqüência com que tratam o povo, o dinheiro do povo, o artista do carnaval, o turismo e a cultura de Pernambuco. Ainda assim estou feliz porque como eu, o Brasil deu à Mangueira, segundo a pesquisa, um dos últimos lugares no ranking das Escolas daquela noite. Ainda bem!
Célia Labanca.

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