terça-feira, outubro 15, 2013

"Ao Mestre com Carinho", aprendendo sempre a aprender com a vida

Hoje (15) o dia é dedicado aos professores, aqueles pelos quais tenho a minha eterna gratidão. Aqueles com os quais aprendi a aprender e que, não tardou muito, passou a ser a minha primeira profissão. Tão gratificante esse momento de troca de conhecimentos. Lembro, ainda, do Lucas Matheus, um menininho lindo da alfabetização no Colégio de São José (primeira turma que estagiei) e que não podia me ver em canto nenhum que saia correndo, gritando “ttttttttttttiiiiiiiiiaaaaaaaaa” e só sossegava quando eu o dava aquele abraço forte e toda a atenção do mundo. Não tarda muito para vir à memória o dia no qual eu, saindo do estágio, fui avistada por ele em algum lugar do estacionamento do colégio e, de pronto, correu para me abraçar e entregar uma florzinha. Por ele, aprendi a sentir um Amor semelhante ao que sinto, hoje, pelos meus sobrinhos.
E o lema da minha turma de Magistério foi: “SER PROFESSOR NÃO É TUDO, MAS SEM PROFESSOR VOCÊ NÃO É NADA”.  
Em paralelo, eu fazia cursinho de inglês, e como também era aficionada por português, não hesitei em prestar vestibular para Letras – e sempre aprendendo a aprender. E, já avançada no inglês, os professores da língua britânica me chamavam para fazer monitoria nas aulas deles – no princípio, chegaram a me dispensar das aulas e me pedir, apenas, para fazer as provas. No entanto, eu gostava mesmo era de aprender a aprender e, nem sempre, faltava as aulas. Daí o convite para a monitoria e, logo depois, para substituir um professor no Projeto Novo Horizonte, proporcionado pela Fest/Iaupe. Meu primeiro dia de aula foi puxado – lembro que foi de 14h às 22h -, turmas extensas e bastante heterogêneas. Mas veio aí a grata satisfação, no final da última aula, eu já cansada, com fome e com a voz fraca, após revisar o mesmo assunto pela quarta vez no mesmo dia – sim, as turmas eram do mesmo nível -, um grupo de alunos que no começo da aula reivindicava pelo antigo professor, chegou a mim e me parabenizou pela aula e agradeceram pela e revisão feita e conteúdo novo repassado. Conseguiram esclarecer as dúvidas e compreender as pronúncias. “Professora, a senhora tem um ouvido bom. Como é que a senhora, daqui da frente, conseguiu ouvir ‘fulano’ que lá atrás falou tal palavra de maneira errada”. Apenas esbocei um sorriso e respondi que eu era  quem estava aprendendo com eles. Aquilo era apenas uma troca de conhecimentos. Lembro que nessa última turma da quarta-feira tínhamos médicos, bancários, enfermeiros, artistas plásticos, ‘pintores de parede’, vestibulandos... Enfim, como era a última turma da noite, era bem diversificada realmente. Coididentemente, naquele ano conclui o meu Teacher Training Course e recebi do professor Fausto Rabelo, então coordenador (uma espécie de diretor executivo) da Sociedade Cultural Brasil Estados Unidos, o convite para ser a oradora da turma. Desafios sempre foram o meu forte e, de pronto, aceitei. “As a student becomes a teacher”, foi esse o ensinamento e aprendizado daquela noite em 2003.
Ainda no primeiro período de Letras, assisti a uma palestra com o escritor e professor italiano, doutor em Letras pela Universidade de São Paulo e docente em Teoria da Literatura, Salvatore D’Onofrio. Não me esqueço de uma das frases ditas por ele: “na Europa, os cidadãos primeiro fazem Letras, para ‘formar’ o pensamento, daí se aprimoram na carreira, ou seguem outra coisa”.  Sim, o que eu queria era Jornalismo.  A vocação me tocara desde os 12 anos de idade – lembro que, coincidentemente ou não, esse “despertar” sugira em mim no dia em que Senna sofria o fatídico acidente em Ímola. Cheguei a anotar em um caderninho ‘hoje decidi que quero fazer jornalismo’. Na ocasião eu não estava em casa, e escrevi assim, de qualquer maneira, como um lembrete. O caderninho não está mais comigo – alguém o levou nos tempos de escola -, mas a frase, a letra, a data, ficaram cravados em meu ser como tatuagem. Vem muito à minha mente, também, o plebiscito de ’93, o patriotismo em vestir verde e amarelo, a questão que eu fazia de ir votar com os meus pais, vê-los preencher a cédula e colocá-la na urna, voltar para casa e fazer questão de balançar a bandeira na rua, de fazer articulações políticas – na época chamávamos de boca de urna, mesmo. Lembro que uma vez, eu bem pequena, um certo político renomado, hoje ‘intocável’ – pela função que ocupa - ao me ver na Assembléia Legislativa após uma solenidade, fez questão de me abraçar e apresentar aos presentes como ‘a maior boca de urna’...  

E assim foi feito, após concluir um, ingressei no outro sem pestanejar. E sigo aprendendo. Para mim, tudo na vida é aprendizado e todos são professores, mesmo sem diplomas acadêmicos. O conhecimento empírico, ao meu ver, é muito maior que o conhecimento teórico, acadêmico. E é por isso que sigo sempre aprendendo a aprender com a vida. Mas sempre a cultura veio em primeiro lugar – desde os idos da Livro 7 - apesar da pouca idade, também tenho histórias maravilhosas por lá. Sem falar que estava sempre presente no Waldemar de Oliveira, nas atuações do TAP. Sempre fui fascinada por livros, escrita e pessoas mais maduras. E é assim que venho agradecer a Deus pelos professores que colocou na minha vida e pelo caminho que me fez seguir. A todos – não vou citar aqui para não ser enfadonho e nem deixar ninguém de lado – o meu mais profundo carinho e a minha mais profunda admiração. Se hoje posso reconhecer o ser humano que sou, vocês fizeram parte dessa trajetória. Reconheço o valor de cada um – principalmente com aqueles que me mostraram que “na vida nem tudo são flores”, mas me ensinaram a reger a existência aqui na terra. Mestres, meu muito obrigada!!!