Hoje (15) o dia
é dedicado aos professores, aqueles pelos quais tenho a minha eterna gratidão. Aqueles
com os quais aprendi a aprender e que, não tardou muito, passou a ser a minha
primeira profissão. Tão gratificante esse momento de troca de conhecimentos.
Lembro, ainda, do Lucas Matheus, um menininho lindo da alfabetização no Colégio
de São José (primeira turma que estagiei) e que não podia me ver em canto
nenhum que saia correndo, gritando “ttttttttttttiiiiiiiiiaaaaaaaaa” e só sossegava
quando eu o dava aquele abraço forte e toda a atenção do mundo. Não tarda muito
para vir à memória o dia no qual eu, saindo do estágio, fui avistada por ele em
algum lugar do estacionamento do colégio e, de pronto, correu para me abraçar e
entregar uma florzinha. Por ele, aprendi a sentir um Amor semelhante ao que sinto, hoje, pelos meus sobrinhos.
E o lema da
minha turma de Magistério foi: “SER PROFESSOR NÃO É TUDO, MAS SEM PROFESSOR VOCÊ
NÃO É NADA”.
Em paralelo,
eu fazia cursinho de inglês, e como também era aficionada por português, não hesitei
em prestar vestibular para Letras – e sempre aprendendo a aprender. E, já
avançada no inglês, os professores da língua britânica me chamavam para fazer
monitoria nas aulas deles – no princípio, chegaram a me dispensar das aulas e
me pedir, apenas, para fazer as provas. No entanto, eu gostava mesmo era de
aprender a aprender e, nem sempre, faltava as aulas. Daí o convite para a
monitoria e, logo depois, para substituir um professor no Projeto Novo
Horizonte, proporcionado pela Fest/Iaupe. Meu primeiro dia de aula foi puxado –
lembro que foi de 14h às 22h -, turmas extensas e bastante heterogêneas. Mas
veio aí a grata satisfação, no final da última aula, eu já cansada, com fome e
com a voz fraca, após revisar o mesmo assunto pela quarta vez no mesmo dia –
sim, as turmas eram do mesmo nível -, um grupo de alunos que no começo da aula
reivindicava pelo antigo professor, chegou a mim e me parabenizou pela aula e
agradeceram pela e revisão feita e conteúdo novo repassado. Conseguiram esclarecer
as dúvidas e compreender as pronúncias. “Professora, a senhora tem um ouvido
bom. Como é que a senhora, daqui da frente, conseguiu ouvir ‘fulano’ que lá atrás
falou tal palavra de maneira errada”. Apenas esbocei um sorriso e respondi que
eu era quem estava aprendendo com eles. Aquilo
era apenas uma troca de conhecimentos. Lembro que nessa última turma da
quarta-feira tínhamos médicos, bancários, enfermeiros, artistas plásticos, ‘pintores
de parede’, vestibulandos... Enfim, como era a última turma da noite, era bem diversificada
realmente. Coididentemente, naquele ano conclui o meu Teacher Training Course
e recebi do professor Fausto Rabelo, então coordenador (uma espécie de diretor
executivo) da Sociedade Cultural Brasil Estados Unidos, o convite para ser a
oradora da turma. Desafios sempre foram o meu forte e, de pronto, aceitei. “As
a student becomes a teacher”, foi esse o ensinamento e aprendizado daquela
noite em 2003.
Ainda no primeiro
período de Letras, assisti a uma palestra com o escritor e professor italiano, doutor
em Letras pela Universidade de São Paulo e docente em Teoria da Literatura,
Salvatore D’Onofrio. Não me esqueço de uma das frases ditas por ele: “na Europa,
os cidadãos primeiro fazem Letras, para ‘formar’ o pensamento, daí se aprimoram
na carreira, ou seguem outra coisa”. Sim,
o que eu queria era Jornalismo. A vocação
me tocara desde os 12 anos de idade – lembro que, coincidentemente ou não, esse
“despertar” sugira em mim no dia em que Senna sofria o fatídico acidente em Ímola.
Cheguei a anotar em um caderninho ‘hoje decidi que quero fazer jornalismo’. Na
ocasião eu não estava em casa, e escrevi assim, de qualquer maneira, como um
lembrete. O caderninho não está mais comigo – alguém o levou nos tempos de
escola -, mas a frase, a letra, a data, ficaram cravados em meu ser como
tatuagem. Vem muito à minha mente, também, o plebiscito de ’93, o patriotismo
em vestir verde e amarelo, a questão que eu fazia de ir votar com os meus pais,
vê-los preencher a cédula e colocá-la na urna, voltar para casa e fazer questão
de balançar a bandeira na rua, de fazer articulações políticas – na época chamávamos
de boca de urna, mesmo. Lembro que uma vez, eu bem pequena, um certo político
renomado, hoje ‘intocável’ – pela função que ocupa - ao me ver na Assembléia Legislativa
após uma solenidade, fez questão de me abraçar e apresentar aos presentes como ‘a
maior boca de urna’...
E assim foi
feito, após concluir um, ingressei no outro sem pestanejar. E sigo aprendendo.
Para mim, tudo na vida é aprendizado e todos são professores, mesmo sem
diplomas acadêmicos. O conhecimento empírico, ao meu ver, é muito maior que o
conhecimento teórico, acadêmico. E é por isso que sigo sempre aprendendo a
aprender com a vida. Mas sempre a cultura veio em primeiro lugar – desde os
idos da Livro 7 - apesar da pouca idade, também tenho histórias maravilhosas por lá. Sem falar que estava sempre presente no Waldemar de Oliveira, nas atuações do TAP. Sempre fui fascinada por livros, escrita e pessoas mais
maduras. E é assim que venho agradecer a Deus pelos professores que colocou na
minha vida e pelo caminho que me fez seguir. A todos – não vou citar aqui para
não ser enfadonho e nem deixar ninguém de lado – o meu mais profundo carinho e
a minha mais profunda admiração. Se hoje posso reconhecer o ser humano que sou,
vocês fizeram parte dessa trajetória. Reconheço o valor de cada um –
principalmente com aqueles que me mostraram que “na vida nem tudo são flores”,
mas me ensinaram a reger a existência aqui na terra. Mestres, meu muito
obrigada!!!