Rios
Rios da terra,Águas ricas de peixes,De lixo e de descasos.Testemunha cabal...Do homem na margem do lixo,Do homem na margem do luxo.
Uma cantiga para o rio,Um rio que chora baixinho,Um rio que abre seus braçosAos meninos preguiçososQue mudam seu curso.
Rio, minhas lágrimas de lamentoEnchem tuas tardes.Cala fundo no peito tua beleza, tua saudadeQue teimam em resistir a agressão do homem.
Areia, água,vida,Meus pés cobertos por tua históriaSe encaminham para a nascente,Água turva,Mente turva.
.Claras ideias na beira do rio.Movimentas nossos destinos,Margens,ribeiras,ribanceiras,Vejo um quadro renovado,fascinante,Àguas cristalinas e transparentesDos rios caudalosos que existem ainda
Rio que se move na palma da gente,Seguindo um ritmo irregular,Na força de sonhar,cavar canais,Resistindo e respondendo com vida,Incansavelmente belo.
Quem passa em tuas pontesPassa apressado,Parecem está de olhos fechados.Nem te cumprimentam.
Assim são os homens,Empregnados pelo consumismo.Mais que depressa os meninos de
ruaSaltam,navegam,brincam...
Enganam a fome.Limpam as suas almas na tuaE tu silencias, vendo-os pescar esperança.
O Rio fica aperriado,Já não é mais o mesmo,Muda o seu estado diante das incertezas.
Rio das Velhas, Rio dos Currais,Rio São Francisco,Rio
Capiparibe,Beberibe, Rio Uruguaia,Rios que em meu ser deságua.Água de beber, Àgua de lavar,Água...Que carrega as tristezas para o mar.Rio que chora e caminhaJogando-se na correnteza.
Chora rio!Chora toda tua magoa,Chora alto e acorda consciências.
Ecila Yleus
Publicado no Recanto das Letras em 05/06/2008
Código do texto: T1020232
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