segunda-feira, junho 04, 2012

Acácio Piedade fala sobre musicalidade brasileira


 “A musicalidade brasileira segundo a teoria das tópicas”. Esse é o tema do bate-papo da vez dentro do projeto Pesquisa.Musica, com o músico e pesquisador Acácio Piedade, na próxima segunda-feira, 4 de junho, às 19h30, no Conservatório Pernambucano de Musica. Originalmente fundamentada na semiótica, essa teoria que tem sido aplicada para o estudo da música européia clássica, se desloca para dar luz á pesquisa sobrea música brasileira. Através dela que, analiticamente, podemos questionar o que significa dizer que uma música soa brasileira? O que pode fundamentar este discurso? 

 “Neste momento ele enriquece o debate por trazer uma perspectiva de análise musical com ferramentas que vem de fora da música. Ou seja, demonstra que a música transborda e estabelece relações de sentido e de significado para além de seu campo de domínio. E ajuda a esclarecer que a compreensão da música e de sua expressividade pode ser ainda mais facilmente apreendida por meio de saberes de outros campos de conhecimento”, diz Sérgio Godoy, um dos curadores do Pesquisa.Música. 

 Do ponto de vista de um leigo, questões como estas passam muitas vezes despercebidas. Só que para um músico, artista ou professor são instigantes desafios que o tempo inteiro precisam ser contextualizados. Se Villa Lobos, Luiz Gonzaga e Raul Seixas soam como música nacional, clássica, regional e rock, o que as singulariza? O que há de comum? Para ajudar no debate, um interlocutor com experiência de sobra na bagagem. Acácio Piedade é professor de música na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Graduado em composição e regência pela UNICAMP, realizou doutorado em antropologia pesquisando sobre um ritual musical indígena. Em 2009 recebeu o prêmio Funarte de Composição Clássica, e mais recentemente tem pesquisado e publicado sobre a retórica e a significação na música do País.

 Num primeiro momento, uma breve introdução à semiótica e retórica musical. Em seguida se discutirá a aplicação da teoria no caso da música brasileira, envolvendo desde a música de Villa Lobos aos gêneros populares brasileiros principalmente das primeiras décadas do século XX. Por fim, se discutirá a pertinência deste modelo para a compreensão da nossa musicalidade. “As tópicas são como categorias do campo da expressividade que mesmo sendo extramusicais ajudam a compor o sentido e significado de uma obra. Já sabemos que numa trilha sonora, a música empresta ou estabelece uma linha de narrativa que atinge em cheio a ordem das emoções de um filme. Neste caso, é possível fazer um caminho inverso, trazendo da semiótica uma linha de abordagem que estuda o emprego de outros elementos culturais que vão contribuir para a compreensão de uma música”, explica Sérgio Godoy. 

 Pesquisa.Música - tem apoio Funcultura, sendo idealizado pelo músico e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Sérgio Godoy, com curadoria dele e de Carlos Sandroni, doutor em sociologia e colaborador da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e professor adjunto da UFPE. Para a escolha dos convidados, os dois focaram num elenco em diversos campos de estudo e em diferentes abordagens, acadêmicas ou informais. “Esta pluralidade de olhares favorece a compreensão de que, de fato, a música é um saber em si, presente rigorosamente em todas as culturas e desde os primórdios da civilização. Assim, os modos de fazer e de compreender são os mais diversos possíveis; com inúmeras linhas de reflexão e de investigação”, diz Sérgio Godoy.

 Entre o dia 14 de maio até outubro, o Pesquisa.Música  ainda contemplará mais sete encontros com vários nomes consagrados, como os dos músicos  Jovino Santos (06/08), Felipe Trotta (10/09 ),  Cristina Caparelli (17/09) e Regina Machado (24/09). Pelo projeto já passaram artistas como Siba Veloso, Luiz Tatit, José Miguel Wisnik e Roberto Mendes.  

 Na pauta de cada encontro, assuntos como: criação, improvisação, composição musical e arranjo; as práticas interpretativas para voz e demais instrumentos; questões de estética e estilos musicais, construção de instrumentos e história da música. Ainda haverá debates sobre assuntos correlatos como o ensino da música; estudos científicos sobre percepção musical; significados e semiologia da música; a música em outras linguagens artísticas como teatro, dança, cinema, literatura; tecnologia e música; mídia, propaganda e games; indústria fonográfica; e tantos outros pontos de contato com as demais áreas de saber humano.

 Acácio Piedade - é professor de música na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), em Florianópolis. Graduado em composição e regência pela UNICAMP, realizou doutorado em antropologia pesquisando sobre um ritual musical indígena. Como compositor, suas obras têm sido executadas em concertos como a Bienel de Música Contemporânea e o Panorama da Música Brasileira Atual, e em 2009 recebeu o prêmio Funarte de Composição Clássica. Ministra disciplinas, publica artigos e orienta estudantes em temas relacionados à musicologia-etnomusicologia, análise musical e composição musical. Mais recentemente tem pesquisado e publicado sobre a retórica e a significação na música brasileira.

CURADORES:

Sérgio Godoy - atua como professor no Departamento de Música da UFPE, compositor, arranjador e músico instrumentista tendo já atuado em festivais como de Montreux, Free Jazz, Projeto Pixinguinha junto a nomes como Antúlio Madureira, Lia de Itamaracá, Roberto Mendes e grupo Sagrama. Ao lado dele na curadoria, está Carlos Sandroni, letrista, compositor e professor de etnomusicologia no Departamento de Música e no Mestrado em Antropologia da Universidade Federal de Pernambuco; com músicas gravadas, entre outros, por Milton Nascimento, Adriana Calcanhoto e Olívia Byington.

Carlos Sandroni - Possui graduação em Bacharelado Em Sociologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1981), mestrado em Ciência Política (Ciência Política e Sociologia) pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (1987) e doutorado em Musicologie - Universite de Tours (Universite Francois Rabelais) (1997). Atualmente é colaborador da Universidade Federal da Paraíba e professor adjunto da Universidade Federal de Pernambuco. Tem experiência nas áreas de Artes e Antropologia, com ênfase em Etnomusicologia, atuando principalmente nos seguintes temas: etnomusicologia, cultura popular, folclore, samba e música popular brasileira.

Serviço: 

2ª edição do projeto “Pesquisa.Música”

Data: segunda-feira, 04 de junho | com Acácio Piedade
Horário: 19h30
Local: Conservatório Pernambucano de Música
Entrada: gratuita

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